Dia e Hora

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Aparências...


Já não me sobra coragem de olhar ao espelho
Não consigo mais encontrar o que sou
Se quer posso ouvir um conselho
Faz tempo que não me lembro o que restou...

O que restou do auge de que fui um dia
Quando o mundo girava ao meu redor
Cada pessoa me conhecia
Eu era o melhor

Hoje só me restam as lembranças
De tudo aquilo que alcancei
Me restam resquícios de esperanças
De que um dia eu voltarei

Ao ápice de meu desenvolvimento
Que não me amedrontarei diante de te olhar
Abrirei meu sentimento
Te mostrarei como é possível me amar

Pois tudo aquilo que insisto em te fazer ver
Não passa de uma imagem
Uma aparência que tento reverter
Uma desastrosa miragem

Queria eu que você pudesse enxergar
Dentro do meu coração
Dentro do meu olhar
O tamanho de minha paixão...

Por estes seus olhos brilhantes
Que insistem em me denegrir
Olhos que se encontram tão distantes
Quando me encontro tão proposto a sorrir...

Queria que você pudesse ver a coragem
Que me desfavorece mudar
A mais horrenda estiagem
Que insisto em passar

Pois só desejo a sua visão
Que possa me dignificar
Não quero que me veja como um rei, um leão
Quero que veja que minha vida depende de te amar...

e ser amado...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Escolha


O que fazer quando já não se sente.
Quando o que se traduzia em gozo não mais se manifesta.
Quando qualquer apelo visual, qualquer palavra se tornam apenas ações?

Será esse o sinal do fim,
uma apatia camuflada por sorrisos sem alma, beijos sem sabor, olhares vagos.
E se é o fim, o que fazer?

Se o encontro com Perséfone não é uma opção,
como emergir desse bálsamo inébrio, torporante?

Reagir, lutar, transformar, renascer.....
Atitudes aparentemente simples para aqueles que aconselham.
Porém todo renascimento é precedido de injúria da alma,
confusão de sentimentos e da morte, física ou não.


Mas qual a finalidade dessa transformação,
se ao fim de tanto flagelo resta apenas a eterna busca?
Procura-se pela felicidade, pelo amor, pela amizade verdadeira...


Enfim, emerge-se do catatonismo para a luta incessante
contra adversários cujas armaduras encerram falsidade, egoísmo e ambição.


Assim sendo, é preferível consumir-se em si mesmo, esgotar-se de si
do que acordar de seus próprios devaneios
e sentir a lascínea da dor, da decepção e da indiferença.
Antes a dignidade da solidão e da introspecção,
que a vulnerabilidade que aflora junto aos sentimentos.


P. A.






sábado, 7 de junho de 2008

Pronto para desistir?


O vento bate no rosto tal como navalha
As feridas de meu corpo perdem seu valor
Vem a mente a cobertura da fria mortalha
Me vem a mente toda a dor

Que posso causar
Àqueles que um dia se importaram comigo
Me desculpem por ter de chegar
A este ponto, e te esquecer meu pobre amigo

Mas me cansei de ver tanta coisa errada
De ver tanta desistência insensata
De tal modo venho de alma calada
Esperando a hora inata

Onde os segundos deixarão de correr
Onde as pálpebras deixarão de piscar
Onde todos os olhares me verão morrer
E apenas eu entenderei porque o mundo deixar...

Já não sei te dar explicações
Tal como um dia você me deu ao me abandonar
Não sei divagar sobre suas opiniões
Me desculpe ser fraco e tentar desertar

Sei que farei seu dia irremediável
Mas pelo meu lado tão debilitado
Isso foi inevitável
Eu se quer poderia um dia ter evitado

Ao alcançar o topo deste monumento
Não tive forças para tentar me conter
Foi minha consciência , um pensamento
Que me disse para alcançar as nuvens e deixar de viver...

Adeus...

domingo, 1 de junho de 2008

Amizade de cu é rola


Primeiro gostaria de pedir desculpas pelo título do texto, mas não encontrei nenhuma expressão melhor para exprimir o que eu queria dizer, então deixei esse mesmo. Não gostou? Achou indelicado? Azar o seu.

Comecemos então o texto de uma vez.

Amizade. Sentimento bonito que o ser humano é capaz de sentir e que faz da nossa vida uma experiência um pouco menos infeliz em alguns momentos. Por exemplo, quando você precisa conversar e sabe que qualquer pessoa normal te mandaria ir pastar depois dos cinco primeiros minutos, o único ser capaz de te agüentar é um amigo. Quando você precisa chorar e sabe que ninguém vai te entender por causa disso, seu amigo te entende (ou pelo menos finge que entende, o que não tira a boa intenção da coisa). E eu poderia ficar listando mais um montão de coisas aqui, mas isso ocuparia um espaço desnecessário e esse parágrafo já está grande demais. Não gosto de parágrafos grandes. Vou para o próximo.

Tudo bem, até aí tudo é lindo (e eu não estou sendo sarcástica, é de verdade). Tem gente que diz que amizade entre homem e mulher não existe. Sinto informar que isso é mentira, existe sim. Mas antes não existisse.

Imagine só se o único propósito de se aproximar de alguém do sexo oposto fosse com segundas intenções. Claro que isso ocasionaria alguns pequenos problemas e desentendimentos esporádicos, mas as coisas seriam, no mínimo, muito mais claras. E evitariam equívocos freqüentes.

Aposto que qualquer um que esteja tendo a paciência de ler esse texto já falou e/ou foi vítima alguma vez na vida da frase (agora imagine uma voz pejorativa para o efeito ser maior): “Você está confundindo as coisas, somos só amigos”. Pof. Era uma vez o seu pequeno mundo desabando, e só pra ficar mais bonito, no fim das contas quem sai como desentendido é quem ouviu a frase. Equívoco.

Primeiro porque quem confundiu as coisas foi o ser desligado do outro lado que não captou a mensagem desde o início. Segundo porque como eu disse, nesses momentos a amizade que faz da nossa vida uma experiência um pouco menos infeliz em alguns momentos, atrapalha.

Não seria simplesmente mais fácil se o fato da aproximação já deixasse subentendido um interesse maior? Ou quem sabe se nós tivéssemos uma luzinha vermelha na testa que acendesse quando nos sentíssemos atraídos por alguém, todo esse constrangimento seria evitado. Nunca mais ouviríamos a desculpa da amizade.

Até porque amizade nem é uma desculpa válida. Não faz sentido dispensar alguém só porque esse alguém é seu amigo. “Desculpa, mas eu não posso ficar com você porque somos muito próximos, te conheço há quatro anos, você vive na minha casa, conhece a minha família, sabe como eu sou, conhece os meus defeitos e gosta de mim mesmo assim, adora brincar com o meu irmão pentelho de seis anos de idade, me agüenta quando eu não paro de falar mesmo que eu não diga uma única frase que faça sentido, damos muitas risadas juntos e por isso nós dois não daríamos certo”. Claro, obviamente.

Diga que a pessoa é feia, diga que ela é chata, que você só a agüentou esse tempo todo porque é interesseiro, que o cachorro comeu seu dever de casa ou sei lá que outros tipos de desculpa existem para essas ocasiões, mas dizer que é amigo e que por isso não dá certo é o mesmo que dizer que você não vai comer porque está com fome, ou que está frio e por isso não vai pôr a blusa, que 20+20+20=40, ou quaisquer outras comparações que a sua imaginação permitir. Amizade não.

É só pensar: Ser amigo é bom. Namorar é bom. Positivo com positivo não dá negativo e tudo seria muito mais bonito. Mas infelizmente a maioria das pessoas não é muito adepta dessa teoria.

Sendo assim resta-nos viver nesse planeta sem sentido onde a boa convivência entre duas pessoas de sexo oposto é o principal motivo pelo qual, segundo uma dessas pessoas, essas mesmas duas pessoas não podem manter um relacionamento mais íntimo e serem felizes para sempre. Em linhas gerais: Já que não temos luzinhas vermelhas na testa e aproximação não é sinônimo de estou interessado em você, evite fazer amizade com pessoas do sexo oposto pelas quais você possa eventualmente, algum dia, ter uma ligeira queda, porque esse sentimento tão bonito que faz da nossa vida uma experiência um pouco menos infeliz em alguns momentos, com certeza vai deixar de ser tão bonito assim.

sábado, 31 de maio de 2008

Vivendo em sociedade.


Ás vezes andando pela rua e pensando no que as pessoas pensam me vêm a mente a imagem de que será que alguém pensa no que pensamos?

Confuso? É, deve ser.

Porque paramos tanto para pensar no que os outros estão pensando das nossas atitudes e de nossos movimentos? Será que deveríamos somente nos concentrar em nossos pensamentos e esquecer de tudo como se vivêssemos sozinhos?

Somos seres de caráter de vivência social, tal como as formigas e cupins. Mas alguns dizem que eles não pensam, logo não devem caracterizar ou denotar uma pessoa de alguma forma. Não tão distante deles, estamos nós supostamente dotados de uma sabedoria incomparável e um pensamento sem precedentes racista e agressor. Fico imaginando quando estávamos no colégio e éramos crianças felizes, puras e inocentes (coisa que já não se observa nos dias de hoje), imagino quantas coisas rudes e inescrupulosas dissemos a uma pessoa que nem se quer conhecíamos e assim quantos traumas causamos a esta pessoa, quando hoje ela nem consegue se expressar em público apesar de seu talento escondido em algum lugar entre o medo e o susto.

E tento imaginar como seriam as formigas se comunicando com as outras: Há! Olha sua bunda (abdome) que pequenininha! Faltou comer açúcar aí ou ficou muito tempo sentada no formigueiro?! E ririam a doidado com suas mandíbulas batendo, enquanto saboreavam um pedaço de bolacha no chão.

Enquanto, nós diríamos: AE seu pega ninguém frouxoooo! Deve ser boiola esse otário! E alguns ririam tentando esconder os sentimentos, enquanto outros ignorariam.

Mas uma formiga não se sente pior ou melhor por ter 126cm de bunda (abdome, abdome), enquanto todos os coleguinhas que um dia magoamos ou nos magoaram se sentirão péssimos e infelizes, tal como desmotivados a continuar tentando melhorar e alcançar objetivos para que possam demonstrar que mesmo come sta fraqueza alcançam grandes patamares.

De que adianta vivermos num mundo de contato social? Se temos medo de aceitar a vida como ela é, nossas desfunções e vantagens como recebemos de variações genéticas esquecidas em um eppendorf qualquer?

Não venho apelar para que isto pare, venho apelar para que possamos abrir os olhos e ver que nossos defeitos não deveriam ser subjulgados mas que sim deveríamos admitir uma derrota e vencer uma nova batalha, não nos condenarmos a lamentar o que nos precede, mas continuarmos vivendo e acreditando no que podemos ser.

domingo, 18 de maio de 2008


Solitário...

Olhando ao horizonte...
Um céu de cor nublada
Nuvens vindas de traz de um monte
Onde minha mente parece ludibriada...

Sem dar atenção a todos ao meu lado
Parecem invisíveis a minha presença
Nem mesmo pareço estar acordado
Minha imaginação parece ser imensa...

Tanto queria por um segundo ser...
Alguém que tivesse um mínimo de valor
Queria tanto ter alguém para dizer
Alguém para compartilhar meu amor

Mas não tenho nada que faça diferença
Sou mais um qualquer na multidão
Ás vezes fico confuso com tais crenças
Que pregam a nossa união.

Trombadas em meu ombro já dolorido
Como se eu fosse um obstáculo a ser ultrapassado
Parece que tudo que me destaco, tenho perdido
Parece que tudo que sou é passado...

Já não chamo mais atenção
Nem mesmo me preocupo em chamar
Mantenho-me plantado a este chão
Que futuramente há de me confortar

Com palmos de profundidade
Esqueço de toda carência que posso ter
De fato tenho saudade
Do belo dia em que pude te conhecer...






Link para fugir do tédio.

http://cyanidehappinesstraduzidos.blogspot.com/

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Folhas







Às vezes eu quero sumir. É, sumir. Puf,
desaparecer. E aí as pessoas nem iam sentir falta.
É como se eu fosse uma folha que cai de uma
árvore. Ela se desprende, cai, e as outras folhas
continuam a fazer suas coisas de folha sem se darem
conta de que uma delas se foi.

Às vezes eu também me sinto assim, como
uma folha. Não, isso não tem nada a ver com o fato
dela ser verde e fazer fotossíntese. Tem a ver com o
fato dela ser simplesmente mais uma folha, que não
faz diferença no meio de tantas outras folhas. Mais
uma que não chama a atenção, que não faz falta. Que
apesar de tentar se manter presa à arvore, é levada,
muitas vezes desumanamente (isso, claro, é uma figura
de linguagem, uma vez que estamos falando de folhas aqui) - talvez a melhor expressão seja
desfolhadamente. Isso, desfolhadamente – muitas vezes desfolhadamente, pelo vento.

Também acho que, assim como acontece com as folhas, as pessoas não me entendem
na maioria das vezes. Olham, pensam. É só uma folha. Olham, pensam de novo. Pensando
bem, até que é bem complicada, melhor nem tentar entender como isso aí funciona.
E também tem a história de ficar em segundo plano. É sempre assim, do lado da folha
tem uma flor e/ou ou um fruto. E essa flor e/ou fruto sempre chama mais atenção que a
folha. As pessoas olham para a flor e/ou o fruto e a folha fica ali, esquecida. Uma mera
coadjuvante.

Mas às vezes as pessoas olham para a folha. E esse seria um momento especialmente
feliz na vida de uma folha (considerando aqui que folhas possam ser felizes) se não fosse o
detalhe do motivo pelo qual a pobre folha foi observada. Não gosto de você, sua ponta é torta.
Ou então, você não combina com essa árvore. Aí arrancam a folha. Amassam, quebram,
rasgam, machucam. Assim, sem cerimônia, simplesmente porque sabem que as folhas não
podem sentir dor. Na verdade, acho que mesmo que não soubessem, as pessoas o fariam do
mesmo jeito. Mas é aí que eu me diferencio das folhas. Pelo menos, considerando a primeira
hipótese. Porque eu sinto dor. Dói, e talvez as pessoas em geral nem percebam isso
simplesmente porque, na maioria das vezes, eu não deixo que elas percebam.

E desse jeito eu vou vivendo minha vida folhesca, apenas esperando que em algum
belo dia de sol (mas eu não tenho nada contra a chuva também) alguém olhe para aquela folha
no meio de tantas outras folhas e a note. Talvez que arranque-a da árvore, mas que não a
rasgue nem amasse, nem cause nenhum outro tipo de dano físico e/ou moral à folha
(admitindo-se, dentro do possível, que folhas sejam capazes de receber insultos, claro). Que
simplesmente a guarde e que perceba que, de alguma forma, aquela folha tão comum e tão
igual a todas as outras folhas pode ser diferente e pode fazer diferença.